Diversas sociedades da área da saúde recomendam que, de forma geral, seja dada preferência à alimentação de conforto e que a alimentação por sonda seja evitada em pacientes com demência em fase avançada. Essa recomendação se deve a uma avaliação criteriosa do conhecimento científico sobre esse assunto, a qual indica que a relação risco-benefício da alimentação de conforto é mais favorável que a da alimentação por sonda para esses pacientes.
No entanto, há situações em que os valores culturais de pacientes e seus familiares dão preferência à alimentação por sonda mesmo frente à compreensão de que, de acordo com o melhor conhecimento científico atual, essa via de alimentação pode ser associada a uma maior frequência de complicações. Nessas situações específicas a alimentação por sonda pode ser aceitável como uma estratégia para evitar o sofrimento que ocorreria caso os valores desses pacientes e seus familiares não fossem respeitados.
Portanto, a decisão em relação a como alimentar um paciente com demência em fase avançada deve ser tomada de forma individualizada e compartilhada entre profissionais de saúde e os representantes dos pacientes, levando em consideração tanto os conhecimentos científicos como os valores do paciente e de sua família.
Os familiares dos pacientes devem ter segurança de que essas decisões podem ser revistas sempre que necessário e que todos os profissionais de saúde possuem o compromisso ético de buscar o alívio do sofrimento dos pacientes e de seus familiares.